Na tarde de ontem, a Sanepar, empresa tão preocupada com a dignidade salarial que deveria receber um Oscar por sua atuação no teatro corporativo, apresentou uma proposta de acordo coletivo que deixou os trabalhadores questionando se era um ensaio para uma peça de comédia.
A companhia, que alega estar empenhada no Pacto Global da ONU e no movimento “Salário Digno”, parecia mais preocupada em realizar uma encenação do que efetivamente valorizar seus funcionários. A oferta apresentada? A reposição do INPC para todos os empregados e um “generoso” 1% de aumento para aqueles que têm a sorte de ganhar até R$ 3.778,07. Ah, a generosidade corporativa atingindo níveis inimagináveis!
Ouviu-se um suspiro de alívio dos acionistas enquanto eles esfregavam suas mãos ansiosos para contar os milhões que ainda sobrariam nos cofres da empresa. Afinal, nada como uma boa risada no caminho para o banco.
Para promover ainda mais a união entre os trabalhadores, a Sanepar adotou a tática brilhante de oferecer diferentes tipos de reajuste. Porque, como todos sabemos, nada une mais um grupo do que a sensação de serem tratados de maneira desigual. A empresa parece seguir à risca a máxima de “dividir para conquistar”, ou, nesse caso, “dividir para economizar”.
E como se não fosse suficiente insultar os funcionários com migalhas salariais, a Sanepar tentou embelezar sua imagem com um aumento nos valores concedidos para uniformes e materiais escolares. Ah, como é reconfortante saber que, enquanto a dignidade salarial escorrega pelo ralo, pelo menos os uniformes das nossas crianças serão de alta costura.
Mas não se engane, caro trabalhador desafortunado, não aceite essa proposta humilhante. Afinal, por que votar em algo que não chega nem perto do reajuste do salário mínimo? A resposta é simples: porque, para a Sanepar, você é apenas uma figurinha no tabuleiro corporativo, enquanto os acionistas riem de suas migalhas.
O presidente do Staemcp, Aldeir Molin, resume a situação de maneira simples e direta: “Ou a Sanepar muda esse índice de reajuste, para pelo menos alcançar o do salário mínimo, ou não vamos nem considerar essa proposta para votação. Simples assim. Não dá para aceitar esmolas enquanto a administração torra milhões em patrocínios e os acionistas fazem uma festa com os lucros da empresa.”
Enquanto a Sanepar faz malabarismos com números e dança ao som da desunião dos trabalhadores, resta apenas esperar que esse espetáculo tragicômico termine com um final mais justo para aqueles que verdadeiramente movem a engrenagem da empresa.