Diante das últimas informações e questionamentos dos trabalhadores que aguardam ansiosamente pelo PPR 2025 da Sanepar, o Staemcp apresenta aos empregados uma análise preliminar e comparativo, com base na análise dos indicadores de desempenho do PPR 2023 (pago em 2024) e do PPR 2024 (pago em 2025).
O levantamento aponta oscilações relevantes entre os dois períodos, com melhora em alguns indicadores operacionais, mas queda significativa em indicadores de produtividade e eficiência financeira.
De acordo com os dados apurados, o resultado global do PPR 2023 foi de 120,77 pontos, enquanto o PPR 2024 atingiu 91,59 pontos — uma queda de quase 30% no desempenho geral da Companhia. Essa diferença reflete um cenário de contrastes: ao mesmo tempo em que alguns indicadores melhoraram, outros registraram forte recuo.
O índice de atendimento com rede coletora de esgoto, por exemplo, apresentou avanço, passando de 104,87% para 109,04%. Também houve evolução em indicadores relacionados à qualidade e satisfação, como o índice de conformidade do padrão de esgoto e o índice de satisfação dos clientes externos, que atingiram 120% de cumprimento da meta.
Da mesma forma, o índice de capacitação e desenvolvimento superou as expectativas, com 94,67% de cumprimento e o máximo reconhecimento técnico no cálculo do PPR.
Por outro lado, alguns indicadores que historicamente têm peso relevante no resultado final tiveram desempenho abaixo do esperado. O índice de produtividade de pessoal total, por exemplo, caiu de 109,69% para 69,99%, e o índice de perdas por ligação por dia IPL também apresentou redução expressiva, chegando a 63,97% de alcance da meta. A margem Ebitda acumulada, que mede a eficiência financeira da empresa, ficou em apenas 63,80% do esperado.
Segundo o presidente do Staemcp, Aldeir Molin, esses dados mostram a importância de o sindicato atuar com base em informações concretas antes de qualquer negociação com a Companhia, “a importância de termos esses números antecipadamente são enormes, pois eles nos subsidiam para as negociações. Só depois de entender a fundo o comportamento dos indicadores ao longo de 2025 é que poderemos ir à mesa de negociação com a Companhia com segurança e dados concretos dos três primeiros trimestres”, afirmou Molin.
Ele ressalta que é legítima a expectativa dos trabalhadores quanto a um PPR mais robusto referente ao ano de 2025, a ser pago em 2026, especialmente diante da entrada de recursos bilionários de precatórios no caixa da Sanepar.
No entanto, Molin faz um alerta: “Precisamos de cautela para que os trabalhadores não criem expectativas irreais e depois sejam decepcionados. A grande questão é saber quanto desse montante será de fato reconhecido como lucro e quanto será destinado à modicidade tarifária, ou seja, a descontos nas tarifas para os consumidores finais”, explicou.
De fato, a Sanepar recebeu R$ 4 bilhões em precatórios do Governo Federal, mas até o momento reconheceu apenas R$ 845 milhões como lucro em seu balanço do primeiro trimestre de 2025. O restante ainda depende de decisão da AGEPAR, a agência reguladora do Estado, que avalia qual parte desses recursos pode ser apropriada como lucro e qual deverá ser revertida em benefício dos usuários.
Na interpretação da AGEPAR, por se tratar de um setor regulado, ganhos extraordinários — como o recebimento de precatórios — devem ser revertidos, ainda que parcialmente, para a modicidade tarifária. Esse entendimento não é isolado: outras agências reguladoras do país, como a ANEEL, adotam a mesma linha de interpretação.
Em casos semelhantes, o padrão tem sido o de que cerca de 75% dos valores extraordinários sejam revertidos para redução de tarifas, restando 25% à empresa, valor que inclui os rendimentos de acionistas e o PPR dos empregados.
Diante desse cenário, o Staemcp considera prudente trabalhar com o cenário-base de R$ 845 milhões efetivamente reconhecidos, sem incorporar projeções excessivamente otimistas, “nosso papel é garantir que o trabalhador tenha acesso à verdade dos números e participe de um processo de negociação embasado, técnico e responsável. O PPR é um instrumento de valorização do trabalhador, mas precisa ser tratado com seriedade e transparência”, concluiu Molin.
Esta análise reafirma o compromisso do Staemcp com a transparência, o diálogo e a responsabilidade na condução das negociações coletivas. O sindicato seguirá acompanhando de perto os indicadores da Sanepar, mantendo os trabalhadores informados sobre cada etapa do processo e cobrando que os resultados sejam justos, proporcionais e compatíveis com o esforço coletivo da categoria.
Além disso, o Staemcp irá propor a criação de uma mesa permanente de acompanhamento dos indicadores da Sanepar ao longo de 2026, fortalecendo a participação sindical e garantindo que os interesses dos trabalhadores sejam considerados de forma contínua e efetiva.